Como perder talentos em 4 ações

Por Thiago Modro
Sr. IT Manager and BI Consultant

Tenho visto durante minha carreira como consultor e gerente de tecnologia a história de várias empresas passar diante dos meus olhos. Algumas histórias felizes e outras nem tanto. É inegável que em algum momento toda empresa enfrenta maus tempos, mas aquelas que sabem como passar pelos vales de problemas e chegar do outro lado vivas são as que tem grande potencial de prosperar. Mas nenhuma das que chegam do outro lado o fazem sem as ferramentas mais essenciais: pessoas.

É triste ver quando pessoas com alto desempenho, resiliência e dedicação saem pela porta da rua por motivos banais em pleno século 21. Motivos que já deveriam estar aprendidos, mas parecem estar sendo esquecidos todos os dias. Veja abaixo como perder seus talentos em 4 ações:

  1. Não se comunicar claramente ou coerentemente. Quando uma empresa passa por problemas, as piores decisões são da falta de comunicação, falta de clareza ou de coerência. Isso instantaneamente cria nas pessoas a incerteza e gera falta de confiança. Ninguém precisa saber em detalhes sobre o que ou quando as coisas vão acontecer, mas as mensagens precisam ser sempre coerentes. Um conhecido caso é o da Caterpillar que nos anos de 2008 e 2009 passou por uma forte crise. Pessoas foram demitidas, mas os efeitos foram minimizados e entendidos através do intenso processo de esclarecimentos feito inclusive pelo próprio presidente. Não se pode dizer: “Não haverá demissões” e no dia seguinte demitir dezenas. Os próximos a saírem, e por conta própria, serão os talentos.
  2. Faltar com respeito. Ainda nos dias de hoje muitas empresas tem altos líderes com alto teor de coronelismo. Todos erram. Errar é humano, continuar deliberadamente no erro é passível de demissão. Uma empresa que não tolera erros e não trabalha com exceções para criar oportunidades é uma empresa que realmente não merece os talentos, merece bonecos com movimentos repetitivos controlados por um coronel cego.
  3. Avaliar com base na amizade e lealdade cega. A avaliação de performance é essencial para manter as pessoas no caminho esperado pela empresa. Esse momento deve ser usado como oportunidade para apresentar os próximos passos e dar feedback claro sobre os resultados, sejam bons ou ruins. O problema é quando se avalia sem métricas, sendo incapaz de mensurar pela competência, volume de trabalho, resultados. Sobram amizade, lealdade cega e interesses pessoais.
  4. Consumir todas as horas do dia. O volume de horas extras é cada vez maior. As pessoas tem tido cada vez menos tempo para saúde e estudos. Faça isso e os talentos se apagam, deixam de se atualizar e aprender, deixam de trazer de volta a evolução que o aprendizado gera, deixam de ser talentos. Consuma todas as horas do dia de um funcionário e veja o volume de afastamentos médicos aumentar. Não parece, mas isso é uma ciência exata, como 2+2=4.