Professores mostram o que os gestores devem fazer para transformar o comportamento de seus subordinados e criar equipes mais motivadas e flexíveis
Por Dalen Jacomino
Mudar de comportamento não é fácil. E mudar o comportamento dos outros é ainda mais difícil. Para enfrentar o desafio, as empresas passaram a adotar várias práticas, como treinamentos internos, sessões de feedback e coaching. Mas a eficiência destas atividades tem sido bastante tímida, pelo menos na visão de Shlomo Ben-Hur, professor da IMD, escola de negócios suíça e Nik Kinley, consultor inglês de gestão da mudança. A dupla está lançando o livro Changing Employee Behavior, Palgrave Macmillan (Mudando o Comportamento do Funcionário, em tradução livre, sem edição no Brasil) em que mostram que os líderes podem estimular a transformação comportamental de suas equipes por meio de algumas técnicas mapeadas pelos especialistas em pesquisas conduzidas com 500 gerentes do mundo todo.
“O gestor deve primeiro analisar quais das quatro áreas precisam de maior suporte: motivação, habilidade, capital psicológico ou ambiente e aí decidir onde vai focar seus esforços”, diz Shlomo em entrevista a VOCÊ S/A. “A lição fundamental é que, para mudar os hábitos de uma pessoa, o contexto¬ (que engloba o ambiente e as situações em que as coisas acontecem) tem de agir como uma máquina que dá suporte ao desenvolvimento desse novo comportamento.” Nesta proposta, o papel do líder é apoiar as pessoas da equipe para que consigam mudar e sustentar a nova atitude.
A transformação: motivação em alta
Não é novidade para ninguém que profissionais motivados fazem, sim, toda a diferença. Os professores afirmam que pessoas com maior motivação interna tendem a apresentar resultados melhores, no longo prazo, do que as que se motivam por fatores externos, como bônus ou uma promoção. Portanto, o caminho para os líderes é despertar essa energia interna na equipe.
“A autonomia é um dos ingredientes mais importantes para gerar motivação intrínseca. Pessoas com alto nível de autonomia têm apresentado maior capacidade de sustentar seus esforços e atingir seus objetivos”, dizem os autores.
Como fazer isso:
– Faça com que os profissionais se envolvam no processo de escolha e de discussão dos objetivos da área ou da empresa e procure ouvir quando e como eles de sentem prontos para abraçar uma mudança.
– Deixe claro que cada um do time tem opções. Frases do tipo “cabe a você decidir como fazer isso” ou “você é livre para escolher” aumentam o senso de autonomia.
– Desenhe, ao lado dos membros da equipe, diferentes caminhos para realizar projetos e processos.
A transformação: vontade de vencer desafios
Os profissionais sentem mais vontade de realizar uma determinada tarefa quando sabem que têm domínio sobre aquela atividade. Mas, nem sempre, as pessoas têm essa sensação de que estão no controle quando surge um desafio pela frente. “Um estudo mostrou que pessoas que viam suas metas como difíceis, ao contrário daquelas que as viam como fáceis, experimentaram um crescimento na satisfação no trabalho e no sentimento de sucesso num período de 3 anos”, dizem os autores.
Como fazer isso:
– Enxergue as qualidades das pessoas. Mostre que confia no funcionário dizendo que acredita em sua capacidade de realização.
– Valorize e reconheça quando alguém fizer algo bom.
– Se você acredita que um profissional de seu time não está respondendo a nenhum dos desafios, descreva a mudança desejada apelando para o orgulho, usando frases como: “seja o melhor”, “recuse a falhar” ou “faça algo da melhor maneira possível”.
A transformação: aumento da resiliência
Existem vários nomes para definir a capacidade de permanecer no jogo: determinação, perseverança, força de vontade, resiliência e por aí vai. Essa característica é essencial, seja para quem quer se dar bem, seja para quem está tentando mudar de atitude. O problema, segundo os autores, é que a força de vontade é um recurso limitado em cada um. Mas é possível esticar esse limite ou, pelo menos, reforçar a resiliência.
Como fazer isso:
– A força de vontade aumenta com a prática. Comece dando tarefas mais simples para que o profissional possa treinar sua determinação. Por exemplo: resolver duas pendências todos os dias.
– Ajude as pessoas a manter o foco naquele novo hábito. Quando alguém perde o foco da mudança de comportamento provavelmente vai se esquecer da nova atitude que tenta incorporar.
– Use o tom correto ao falar com os outros. Não adianta usar um tom imperativo achando que as pessoas vão mudar, automaticamente, a maneira como se comportam. O melhor é ir devagar, ainda mais quando o propósito é aumentar a resiliência – caso o contrário, os profissionais podem ficar resistentes à novidade.
Os segredos para Novos hábitos
O hábito é um comportamento rotineiro que tende a ocorrer automática e inconscientemente. Se você busca ajudar alguém a mudar de comportamento tem que, primeiramente, entender quais são os hábitos daquela pessoa. Só depois, é possível incentivar a transformação. A seguir, os caminhos para fomentar um novo hábito.
1. Um por vez: Identifique os comportamentos que alguém precisa desenvolver e seja específico: em vez de fazer uma lista com trinta atitudes, escolha apenas uma por vez. Quando comentar sobre isso com o outro, seja claro e didático sobre sua crítica e não se esqueça de dar exemplos.
2. Reforço positivo: Ofereça pequenas recompensas depois da realização de um novo comportamento. Pode ser um convite para um almoço em um restaurante fora da empresa ou um elogio sincero.
3. Comprometimento: Ajude a pessoa a repetir o novo comportamento até que aquilo se torne um hábito. Uma estratégia é colocar no papel o que deve ser mudado – as pessoas tendem a se comprometer mais quando há um acordo formal e o compromisso se torna público.
4. Clareza: Para que a mudança seja eficiente, a outra pessoa precisa entender exatamente por que deve se desfazer do hábito antigo e adquirir um novo. Dê essas explicações.
http://vocesa.uol.com.br/noticias/carreira/como-transformar-habitos.phtml#.VrzXjPkrLIV