Série mostra como estamos imersos no celular sem nos darmos conta da realidade que nos cerca
Débora Zanelato
Dentro de um museu, mas talvez mais “dentro” do celular. Nas ruas, enxergamos o mundo através da tela, que faz a mediação do nosso olhar em um retângulo. É o que retratam as imagens da série Sur-Fake (“em falso”, em tradução livre), do fotógrafo francês Antoine Geiger. “No começo, só queria expressar como ficamos nos nossos próprios mundos, algo que vejo todos os dias no metrô, por exemplo”, diz o fotógrafo de 20 anos, que fez as imagens em Paris, no ano passado.
Ao longo do trabalho, no entanto, ele percebeu que essa conexão excessiva com os aparelhos também nos desconecta do que está ao redor. “A pedido de um canal de TV russo para uma matéria, recriamos as condições dos cliques. Eles me filmaram chegando bem próximo das pessoas usando seus celulares. E elas nem perceberam a nossa presença”, conta.
O efeito que Antoine criou para as fotos, como se nossos rostos estivessem entrando dentro dos aparelhos, tornou-se uma metáfora sobre como somos sugados por eles. “As fotos estão sendo veiculadas em muitos sites. E as pessoas estão vendo as imagens em suas telas, e gosto disso, porque permite refletir. Você vê as imagens e pensa ‘Nossa, esse sou eu agora’. Idealmente você então desliga o aparelho e passa a olhar ao redor”, observa.
Fonte: http://vidasimples.uol.com.br/noticias/compartilhe/o-mundo-esta-ao-redor.phtml#.VuMEU_krLIU